quarta-feira, 22 de maio de 2013

Contribuição ao Grupo de Conjuntura da Fundação Perseu Abramo, 20/5/2013


20 de maio de 2013

As forças de esquerda devem preparar-se adequadamente para o ciclo eleitoral que começa em outubro de 2014 (eleições legislativas na Argentina) e que vai até dezembro de 2014 (eleições gerais na Bolívia).
O ciclo inclui Honduras (eleições gerais em 10/11/2013), Argentina (legislativas em 27/10/2013), Chile (presidente, senadores, deputados, conselheiros regionais, em 17/11/2013, com segundo turno em 15/12/2013), El Salvador (presidenciais em 2/2/2014, com segundo turno em 9/3/2014), Costa Rica (presidenciais e legislativas, também em 2/2/2014), Colombia (legislativas em 9/3/2014 e presidenciais em 25/5/2014), Panamá (gerais em 4/5/2014), República Dominicana (legislativas em maio de 2014), Brasil (presidenciais, Senado, Câmara dos Deputados, Legislativos e governos estaduais em 5/10 com segundo turno em 26/20/2014), Uruguai (presidenciais e legislativas em 26/10/2014 com segundo turno em 30/11/2014).
Registre-se que em três países haverá eleições primárias: Chile (30/6/2013), Argentina (11/8/2013) e Uruguai (1/6/2014). No caso de Honduras, as primárias já ocorreram.
Considerando apenas as eleições presidenciais, a disputa começa por Honduras, onde as esquerdas apoiam Xiomara Castro Zelaya, candidata pelo Partido Libertad y Refundación (Libre). Anteriormente, Xiomara militava no Partido Liberal.
Xiomara é companheira de Juan Manuel Zelaya, ex-presidente eleito pelo Partido Liberal e deposto em 28/6/2009 por um golpe jurídico-militar. Seu programa inclui a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte. As pesquisas indicam que ela tem chances de vencer. Mas a direita hondurenha e seus sócios estrangeiros está promovendo uma campanha de intimidação e há risco de fraude.
O resultado das eleições em Honduras influirá e será influenciado pela disputa presidencial salvadorenha, marcada para fevereiro-março de 2014.
O candidato da esquerda salvadorenha é Salvador Sanchez Ceren, atual vice-presidente de El Salvador e dirigente da Frente Farabundo Marti. As chances de vitória da FMLN dependem basicamente do apoio do presidente Maurício Funes e da divisão da direita local.
Logo após a eleição hondurenha e antes da eleição salvadorenha, as pesquisas apontam que Michelle Bachelet pode voltar a presidir o Chile, apoiada por uma coligação agora integrada desde o primeiro turno pelo Partido Comunista.
Nos três casos citados (Honduras, Chile, El Salvador), o Partido dos Trabalhadores pode ajudar na vitória das forças de centro e esquerda, realizando um intercâmbio bilateral com os respectivos partidos, coligações e candidaturas.
Neste sentido, já está prevista ou vem sendo realizado:
1.A visita de uma delegação do PT a Honduras;
2.A presença partidária no aniversário do governo Funes;
3.A visita de uma delegação da FMLN ao Brasil;
4.O intercâmbio com os diferentes setores da centro-esquerda chilena.
Estas ações devem levar em consideração o que ocorreu nas eleições presidenciais na Venezuela (14/4) e Paraguai (21/4): uma articulação explícita entre as direitas locais e seus sócios internacionais, com o objetivo de alterar em seu favor a correlação de forças na região.
A esquerda participa deste ciclo eleitoral com quatro objetivos: manter os espaços conquistados e conquistar novos, acumulando forças para aprofundar as mudanças e acelerar a integração regional.
Para atingir estes objetivos, é necessário articular adequadamente a ação de governos, partidos, movimentos sociais e intelectualidade, em torno da defesa do processo de integração regional.
Há na região um confronto geopolítico entre os que defendem uma integração subordinada aos Estados Unidos versus os que defendem uma integração autônoma. De um lado Celac, Unasul, Mercosul, Alba. De outro lado Arco do Pacífico, Nafta, TLCs e tratados transoceânicos.
Evidentemente há diferentes visões entre os que defendem uma integração autônoma. Mas estes conflitos não podem impedir a unidade em defesa da integração.
Neste sentido, é urgente enfrentar as acusações de que o Brasil é “subimperialista”. Esta teoria tem larga difusão e se apoia, entre outras coisas, no papel efetivamente nocivo jogado por empresas brasileiras em países da região.
O combate à teoria do “subimperialismo” exige, em primeiro lugar, ampliar a presença do Estado brasileiro, dos partidos e movimentos sociais brasileiros, da intelectualidade brasileira, no apoio ao processo de integração regional.
Exige, em segundo lugar, que o PT assuma como também sua a tarefa de elaborar uma estratégia continental para a esquerda latinoamericana e caribenha.
O tema central desta estratégia é a integração regional, em seus diferentes níveis: a integração entre povos, entre Estados, entre governos, entre partidos, entre movimentos sociais etc. E o tema central da integração é o desenvolvimento regional com democracia e igualdade.
Neste sentido, é interessante estudar os debates e as conclusões da “I Assembléia Continental dos Movimentos Sociais hacia el Alba”, realizada por Pachamama e Alba, com o apoio da Caixa Econômica Federal, da Prefeitura de Guararema, da Itaipu, da CESE e da Fundação Rosa Luxemburgo.
Os organizadores informam a participação, de 16 a 20 de maio, de 150 participantes vindos de 22 países, debatendo “los desafíos de la integración popular desde abajo y a la izquierda en el marco del proyecto continental del ALBA”.
A Assembléia foi gravada e seu conteúdo, bem como as resoluções, pode ser acessado através da página http://www.albamovimientos.org/

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