quarta-feira, 8 de maio de 2013

Ao bom combate!


A coisa está se complicando. No cenário internacional, isto é bastante claro. Alguns exemplos: na África, além dos conflitos de sempre, a troca de cotoveladas entre as potências e seus respectivos capitais. Na Ásia, a escalada de ofensas e mobilização militar de Estados Unidos, Coréia do Sul e Coréia do Norte. No Oriente Médio, a continuidade do conflito na Síria e a escalada de pressões sobre o Irã. Na Europa, a crescente frustração popular, que agora também se estende às políticas da centro-esquerda, por exemplo na França e na Itália. Nos EUA de Obama, volta a retórica segundo a qual a América Latina é o “quintal” (pateo trasero) dos gringos.

Na América Latina e Caribe, também fiquemos em alguns exemplos: a direita venezuelana chegou perto de ganhar as eleições presidenciais de 14 de abril. Os Colorados retornaram ao governo do Paraguai, nas eleições de 21 de abril (a esse respeito, ler nesta edição a entrevista de Gustavo Codas). A Frente Farabundo Marti encabeça as pesquisas, mas ainda está longe da maioria necessária para ganhar com tranquilidade as presidenciais de fevereiro de 2014. De maneira geral, disputa políticas e dificuldades econômicas dificultam a atuação de Brasil, Argentina e Venezuela, países essenciais para o processo de integração regional.

Vai ficando evidente, para quem ainda duvidava disto, que os Estados Unidos e as políticas neoliberais, mesmo em crise, seguem fortes o suficientes para deflagrar uma contraofensiva que pode ameaçar as conquistas introduzidas em nossa região desde as vitórias de Chávez (1998) e Lula (2002).

É neste contexto que vão ocorrer nossas eleições presidenciais, em outubro de 2014. Complica o cenário a postura do grande capital brasileiro e de suas expressões políticas. No quesito investimento, jogam na retranca, dizendo-se insatisfeitos com os níveis de emprego e salário vigentes no país, culpando-os pelo baixo crescimento e pelo risco inflacionário, mostrando que preferem arrocho e desemprego.

Já no quesito política, jogam no ataque, operando de maneira mais ou menos articulada em diversas frentes.
Estimulam a divisão da base do governo, porque sabem que uma candidatura Eduardo Campos, somada as candidaturas de Aécio Neves e Marina Silva, vão conduzir a disputa presidencial ao segundo turno, onde pretendem tirar a sorte grande. Ao mesmo tempo, desencadeiam forte oposição midiática, operam através de seus representantes no Poder Judiciário e promovem o reacionarismo de algumas igrejas e setores das Forças Armadas e policiais.

Neste contexto, nossa tarefa não é apenas eleger Dilma Roussef, mas também reeleger Dilma em condições de que ela possa fazer um segundo mandato superior ao atual. Precisamos que seja como Lula em 2006, ou seja, em condições de fazermos um segundo mandato superior ao primeiro. Para tal, não podemos conciliar com aqueles que nos querem ver derrotados, sob pena de ameaçarmos nossa vitória em 2014, retrocedermos no segundo mandato e perdermos 2018.

 Para que a vitória de 2014 seja tática e estratégica, ao mesmo tempo, cabe ao Partido equacionar um conjunto de temas ideológicos, programáticos, táticos e estratégicos, assim como organizativos. Esta será, ou deveria ser, a pauta do PED 2013. Infelizmente, embora o discurso seja este, a prática está conduzindo diversos setores do Partido noutro sentido.

Já comentamos, no editorial da edição 119 que corríamos o risco de um retrocesso nas regras que regulam o PED. Este retrocesso efetivamente ocorreu: o Diretório Nacional aprovou novas regras, cujo sentido geral visa aumentar o número de votantes, em detrimento da qualidade do processo.

A mesma preocupação orienta diversas tendências partidárias, no processo de montagem de chapas e escolha de candidaturas presidenciais. Trata-se de garantir uma maioria numérica antes do debate, convertendo o PED em espaço de homologação, não de construção das direções. O que, como é óbvio, resultará num V Congresso que não jogará, nem de longe, o papel de formulação programática, estratégica e tática desempenhado, por exemplo, pelo V Encontro Nacional do PT (realizado em 1987).

Muito poderia ser dito e escrito a este respeito, em especial sobre o deprimente malabarismo retórico que alguns setores “populares” e “socialistas” fazem para justificar “programaticamente” alianças cujo propósito é exclusivamente fisiológico. Mas deixemos isto para o balanço posterior ao PED. A hora é de ir à luta, promover o bom debate político, ganhar o apoio e o voto do petismo militante, de base, socialista.

Quando se começa uma batalha, ninguém sabe o desfecho. Mas quem não busca vencer, nunca alcança vitórias. É também por isto que, mais uma vez, invocamos a Esperança Vermelha. Sem esperança, não há vitória. E sem aquilo que a cor vermelha simboliza para nós, nenhuma vitória vale a pena.

Os editores


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