terça-feira, 29 de novembro de 2011

China e outras polêmicas

O seminário intitulado A crise do capitalismo e o desenvolvimento do Brasil, descrito no http://valterpomar.blogspot.com/2011/11/crise-do-capitalismo-e-o.html, confirmou mais uma vez o potencial de iniciativas tomadas em conjunto pelos partidos de esquerda (PT, PSB, PCdoB e PDT).

Uma das principais conclusões do seminário é que a crise internacional é profunda, está se agravando, é duradoura e terá consequências ainda desconhecidas. Outra coincidência foi um otimismo mais ou menos moderado, neste contexto de crise internacional, acerca das possibilidades do Brasil. A partir deste consenso, houve um intenso debate sobre um conjunto de temas (ver http://valterpomar.blogspot.com/2011/11/debate-sobre-crise-o-potencial-da.html).

Uma das principais polêmicas foi acerca do inimigo principal. Embora todos reconheçam que os Estados Unidos (e seus aliados europeus e japonês) sejam o principal problema, alguns transformam a China em alvo principal de suas críticas e ataques, confirmando indiretamente como segue poderosa a hegemonia estadounidense.

Outra polêmica foi acerca da importância, para o Brasil, da integração regional. Por mais surpreendente que possa parecer, alguns continuam raciocinando apenas em termos de "Brasil" e "mundo", sem levar em consideração as vantagens decorrentes de um forte relacionamento, político e econômico, com os países da América Latina e Caribe.

A principal polêmica, contudo, foi acerca do conteúdo do desenvolvimento que defendemos para o Brasil. Ficou evidente a existência de pelo menos quatro posições: a social-liberal, a nacional-desenvolvimentista, a social-desenvolvimentista e o desenvolvimentismo democrático-popular.

O social-liberalismo (política defendida pelos tucanos) não teve nenhum porta-voz no seminário. Mas sua influência segue forte, como se pode constatar verificando a lentidão com que vem caindo a taxa de juros.

O nacional-desenvolvimentismo está em ascenso. Sua questão fundamental está na retomada do crescimento econômico, através de uma forte política industrial. Os chamados temas sociais são agregados da análise e das propostas.

O social-desenvolvimentismo, embora seja retoricamente hegemônico, está enfrentando dificuldades. Afinal, é cada vez mais difícil compatibilizar investimento com redução das desigualdades, sem tocar no capital financeiro e sem fazer reformas estruturais, especialmente num ambiente de crise internacional.

O desenvolvimentismo democrático-popular (ou seja, crescimento com reformas estruturais) é ainda minoritário, apesar de ser o único consequente com a orientação socialista dos partidos que promoveram o seminário das quatro fundações.

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